A INFÂNCIA EM BACHELARD E STEINER: UM PONTO DE VISTA DA EDUCAÇÃO ANTROPOSÓFICA CONTRA A CRÍTICA DE ONFRAY
DOI:
https://doi.org/10.33836/interacao.v21i1.284Palavras-chave:
Imaginação, Infância, MoralResumo
O presente estudo crítico pretende tratar do ato de filosofar enquanto possibilidade de retomada da infância mais longínqua e que permanece por toda a vida. O ato criador é antes de tudo um potencial cósmico, pelo qual a criança se apropria de seus mundos interiores em toda a sua inteireza na multiplicidade das infâncias, de modo que a infância pode e deve habitar em cada um de nós. Nesse sentido faremos um estudo crítico aproximando a filosofia de Gaston Bachelard (1884-1962) com Rudolf Steiner (1861-1925). Um lampejo dessa aproximação já foi realizado anteriormente por Michel Onfray (1959 -) em seu livro Cosmos, contudo, por meio de um ponto de vista crítico diferente de Onfray (que considera o trabalho de Steiner duvidoso), gostaríamos de encontrar aproximações possíveis entre o humanismo bachelardiano e a antroposofia, tentando conciliar principalmente os aspectos de transição entre a infância e a juventude, que ambos empreender e que são baseados na relação do ser com o cosmos, a natureza e seus elementos. Para isso, partiremos do texto A poética do devaneio de Bachelard fazendo uma intersecção com a conferência O valor moral da cultura científica, bem como, nos utilizaremos de dois textos de Steiner, A filosofia da liberdade e A educação da criança segundo a ciência espiritual. Nesse processo investigativo, utilizamos uma metodologia praxeológica que vai desde uma investigação contextual sobre os aspectos filosóficos, pedagógicos e antropológicos que nos levaram aos resultados do imaginário da infância bem como suas implicações morais na construção subjetiva do conhecimento.
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