Para Além do Canteiro de Obras

Marcas de vulnerabilidade social em operários da construção civil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33836/interacao.v26i1.841

Palavras-chave:

Vulnerabilidade, Operários, Construção Civil

Resumo

Este estudo analisou a relação que existe entre a vulnerabilidade profissional e a vulnerabilidade da vida pessoal de profissionais da construção civil. O objetivo era fazer uma análise compreensiva, baseada em entrevistas com trabalhadores atuantes no setor construtivo, tanto com vínculos trabalhistas formais quanto informais. O sentido era captar as percepções dos sujeitos e dar espaço para o relato de suas vivências. Os entrevistados foram questionados acerca de vínculos trabalhistas, a relação com os engenheiros civis e conhecimentos acerca dos sindicatos trabalhistas. Como resultado, a pesquisa mostrou como o cenário de vulnerabilidade em que os trabalhadores já estiveram ou estão inseridos se perpetua devido ao silenciamento do tema tratado. Os próprios trabalhadores buscam meios de encobrir, até para si próprios, as condições do contexto em que atuam, como a instabilidade de renda ou a precariedade de assistências por parte dos órgãos governamentais. Por fim, o presente artigo apresenta alternativas para mitigar a problemática evidenciada, por intermédio de ações eficazes dos sindicatos em favor dos trabalhadores e a abordagem da temática na formação dos acadêmicos em Engenharia Civil e cursos técnicos de Edificações, dado seu papel fundamental como futuros profissionais.

Referências

AGÊNCIA CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção. PIB da construção fecha o ano com crescimento de 9,7%, a maior alta em 11 anos. Publicado em: < https://cbic.org.br/ >, 04 de março de 2022.

AGÊNCIA IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Taxa de sindicalização cai a 9,2% em 2022, menor nível da série. Publicado em: < https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/ >, 15 de setembro de 2023.

AREOSA, João; SZNELWAR, Laerte. “Acidentes do trabalho: alguns contributos da ergonomia e das ciências do trabalho”, Revista do TRT 3ª região, v. 65, n. 100, 2019.

BOURDIEU, Pierre. Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 2004.

BOURDIEU, Pierre. A Miséria do Mundo. Petrópolis: Vozes, 2007.

COCKELL, Fernanda Flávia; PERTICARRARI, Daniel. “Contratos de boca: a institucionalização da precariedade na construção civil”, Caderno CRH, v. 23, n. 60, 2010.

COHN, Alain; FEHR, Ernst; MARÉCHAL, Michel. Business culture and dishonesty in banking industry. Nature, v. 516, 2014.

COHN, Alain; MARÉCHAL, Michel; NOLL, Thomas. Bad boys: how criminal identity salience affects rule violation. Review of Economic Studies, v. 82, 2015.

COSTA, Marco et. al. Vulnerabilidade social no Brasil: conceitos, métodos e primeiros resultados para municípios e regiões metropolitanas brasileiras. Rio de Janeiro, IPEA, 2018.

CUTTER, Susan. “A ciência da vulnerabilidade: modelos, métodos e indicadores”, Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 93, 2011.

DEJOURS, Christophe. A loucura do trabalho. São Paulo: FTA/Oboré, 1987.

DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. “A importância da organização sindical dos trabalhadores”, Nota Técnica, n. 151, 2015.

DIMENSTEIN, Gilberto. Cidadão de Papel. São Paulo: Ática, 2002.

DWYER, Thomas. Vida e morte no trabalho: acidentes do trabalho e a produção social do erro. Campinas: Ed. Unicamp, 2006.

GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Record, 2004.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (2021). Disponível em: < https://painel.ibge.gov.br/pnadc/ >.

UNISDR - United Nations International Strategy for Disaster Reduction. Terminology on disaster risk reduction. Genebra (SUI): Nações Unidas, 2009. Disponível em: < https://www.undrr.org/publication/2009-unisdr-terminology-disaster-risk-reduction >

LACERDA, Leonardo Biscaia de. Análise de situações de vulnerabilidade de trabalhadores da construção civil no Rio de Janeiro. Dissertação (mestrado) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz: Rio de Janeiro, 2006.

LOURENÇO, Lucian; AMARO, António (coords.). Riscos e crises: da teoria à plena manifestação. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra. 2018.

MARX, Karl. O Capital. São Paulo: Nova Cultural, 1996. v. 1. (Coleção Os Economistas).

MENDES, José Manuel. Sociologia do risco: uma breve introdução e algumas lições. Imprensa da Universidade de Coimbra, 2016.

SILVA, Thiago Leibante. Trabalho, construção civil e informalidade: um estudo sobre trabalhadores de pequenas obras. Tese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná: Curitiba, 2018.

SZNELWAR, Laerte; MONTEDEO, Uiara; SIGAHI, Tiago. “A complexidade em diálogo com a ergonomia e a engenharia – contribuições de Edgar Morin”, Eccos, n. 57, 2021.

VALENCIO, Norma. “A visão do risco pela Sociologia”. In: LOURENÇO, Luciano; AMARO, António (coords.). Riscos e crises. Da teoria à plena manifestação. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2018.

VASCONCELOS, Luiz; VOLPATO, Luiz. “Salários e engarcos trabalhistas ou sociais: os custos do trabalho no processo produtivo”. In: Anais do VII Congresso Brasileiro de Custos – Recife, PE, Brasil, 2000.

WEBER, Max. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. 4. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2009.

Downloads

Publicado

2024-07-30

Como Citar

Rocha, C. G., Arantes, A. C. S., & Flora, I. X. (2024). Para Além do Canteiro de Obras: Marcas de vulnerabilidade social em operários da construção civil. Interação - Revista De Ensino, Pesquisa E Extensão, 26(1), 111–128. https://doi.org/10.33836/interacao.v26i1.841