Instituições financeiras brasileiras
Manutenção da estrutura social frente à permanência do passado escravocrata
DOI:
https://doi.org/10.33836/interao.v26i2.915Palavras-chave:
Escravidão, estrutura, instituições financeirasResumo
Este artigo tem o propósito de analisar os impactos da estrutura brasileira na manutenção do racismo estrutural no Brasil, a partir da contextualização da formação de um dos componentes dessa superestrutura, as instituições financeiras. Após o reconhecimento público do Banco do Brasil, em 2023, da sua função convergente na articulação do capital financeiro advindo da economia escravagista brasileira até o fim da abolição no século XIX, investigam-se as formas pelas quais essa instituição contribuiu para a transição econômica do país. A pesquisa se baseia em documentos históricos submetidos ao Ministério Público Federal que demonstram o envolvimento de acionistas e fundadores do Banco do Brasil com o tráfico de pessoas escravizadas. O estudo revela que a exploração da mão de obra escravizada foi fundamental para a consolidação do capital inicial da instituição, e que, até os dias atuais, a população negra permanece excluída do acesso pleno às oportunidades financeiras. Conclui-se que o Banco do Brasil é um exemplo da perpetuação das desigualdades estruturais herdadas do período escravocrata, e discute-se a necessidade de reparações e de políticas públicas voltadas à emancipação econômica da população negra
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