Representações sociais da doação de órgãos de doadores e não doadores
DOI:
https://doi.org/10.33836/interacao.v24i1.663Palavras-chave:
doação de órgãos, senso comum, representações sociais, corpoResumo
Apesar do crescente número de doadores de órgãos no Brasil, o alcance de transplantes de órgãos ainda é pouco expressivo frente à demanda nacional. O objetivo deste estudo foi explorar as representações sociais da doação de órgãos entre habitantes do Estado de Santa Catarina. Método: foi utilizado questionário on-line tipo survey com questões semiestruturadas para inquirir aos participantes, dados sociodemográficos, imagem e pensamento sobre a doação de órgãos. Resultados: dos 564 respondentes, a maioria intitulou-se doador de órgãos, com ciência da família. A religião, sexo e escolaridade foram categorias relevantes para distinção dos grupos de doador e não doador, ou indecisos. O corpo foi pouco mencionado e quando referido apareceu objetificado e fragmentado na ideia mecanicista de utilidade, muitas vezes, em uma simples redução do corpo a atividades físico-químicas. A imagem principal associada à doação de órgãos foi a palavra vida e importante. As representações sociais da doação estavam associadas a aspectos da dimensão afetiva, ligados a crenças e valores sociais e morais. O acesso à informação sobre o processo de doação de órgãos ainda parece ser um desafio na construção social do imaginário sobre o tema levando a recusa à doação de órgãos.
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