Representações sociais da doação de órgãos de doadores e não doadores

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33836/interacao.v24i1.663

Palavras-chave:

doação de órgãos, senso comum, representações sociais, corpo

Resumo

Apesar do crescente número de doadores de órgãos no Brasil, o alcance de transplantes de órgãos ainda é pouco expressivo frente à demanda nacional. O objetivo deste estudo foi explorar as representações sociais da doação de órgãos entre habitantes do Estado de Santa Catarina. Método: foi utilizado questionário on-line tipo survey com questões semiestruturadas para inquirir aos participantes, dados sociodemográficos, imagem e pensamento sobre a doação de órgãos. Resultados: dos 564 respondentes, a maioria intitulou-se doador de órgãos, com ciência da família. A religião, sexo e escolaridade foram categorias relevantes para distinção dos grupos de doador e não doador, ou indecisos. O corpo foi pouco mencionado e quando referido apareceu objetificado e fragmentado na ideia mecanicista de utilidade, muitas vezes, em uma simples redução do corpo a atividades físico-químicas. A imagem principal associada à doação de órgãos foi a palavra vida e importante. As representações sociais da doação estavam associadas a aspectos da dimensão afetiva, ligados a crenças e valores sociais e morais. O acesso à informação sobre o processo de doação de órgãos ainda parece ser um desafio na construção social do imaginário sobre o tema levando a recusa à doação de órgãos.

Biografias Autor

Dnyelle Souza Silva, Universidade Federal de Santa Catarina

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de São João Del-Rei (2004), Mestrado em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP (2011) e Doutorado em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2019). Especialização em Psicologia Hospitalar pelo Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da USP(2007). Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social e da Saúde, atuando principalmente nos seguintes temas: educação em saúde, qualidade de vida, transplante e não-adesão ao tratamento; saúde da mulher e criança e cuidados paliativos.

Andréa Barbará da Silva Bousfield, Universidade Federal de Santa Catarina

Professora Associada III do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Possui graduação em Psicologia pela Universidade Católica de Pelotas (2000), mestrado (2004) e doutorado (2007) em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Pós-doutorado no Instituto Universitário de Lisboa ? ISCET-IUL - Lisboa - Portugal (2017) e Pós-doutorado na Università degli Studi di Padova ? Unipd - Itália (2018). Já foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia - PPGP/UFSC.Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social, atuando principalmente nos seguintes temas: aids, riscos sociais e ambientais, doenças crônicas e representações sociais. Membro do Laboratório de Psicologia Social da Comunicação e Cognição - Laccos.

Andréia Isabel Giacomozzi, Universidade Federal de Santa Catarina

Pós doutora pela UNIPD - Università degli Studi di Padova - Itália (2019). Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (1998), Mestrado (2004) e Doutorado em Psicologia também pela UFSC (2008). Realizou estágio de Doutorado na Università degli Studi di Padova, em 2006 como bolsista CAPES e Estágio no CRIPS (Centre de Recherche Information et Prevention du Sida) Ile-de-France, Paris, em 2007, como bolsista do Departamento Nacional de DST e Aids no âmbito da cooperação Brasil-França. Atualmente é Professora Adjunta do Departamento de Psicologia da UFSC, do PPGP - Programa de Pós - Graduação em Psicologia da UFSC e do European/International Joint Ph.D. in Social Representation Culture and Communication da Università degli Studi di Roma, la Sapienza. Membro do Grupo Gestor em Justiça Restaurativa de SC. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Pesquisa em Psicologia Social e da Saúde, Psicologia Jurídica, estudando principalmente com a teoria das Representações Sociais no entendimento dos seguintes temas: Saúde - Doença, Sexualidade, Adolescência, Uso/Abuso de drogas, Violências, relações intergrupo e polarização política.

Juliana Gomes Fiorott, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Doutoranda em Psicologia pelo Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre em Psicologia pelo Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Psicóloga pelo Centro Universitário Fadergs. Foi tutora de ensino à distância na disciplina de Psicologia Educacional - Desenvolvimento e Aprendizagem, no curso de graduação em Biologia pela UFSC, ao longo do segundo semestre de 2018 e primeiro semestre de 2019. Atuou como psicóloga no Projeto Aurora, que tinha por objetivo atendimento multiprofissional para crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional. Atualmente é docente nos cursos de Psicologia e Direito da faculdade Anhanguera. É participante de projeto de extensão "Grupo reflexivo para mães e pais por adoção" (UFSC) em que atua como coordenadora de dois grupos de apoio psicológico: um voltado para mães e pais adotivos e outro para pretendentes à adoção.

Rodrigo Bousfield, Universidade do Estado de Santa Catarina

Pós-doutorado pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (2018). Visiting professor na Università deli Studio di Padova UNIPD - Itália (2018), na Universidade de Coimbra (FDUC) - Portugal (2017) e na University of North Florida - Estados Unidos (2013). Doutor em Direito pela UFSC - Qualis 6 (2012). Mestre em Administração - Esag/Udesc (2004). Graduado em Direito - UFSC (2002). Graduado em Administração de Empresas - UDESC (2001). Professor da UDESC/ESAG. Advogado, desde 2002.

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Publicado

2022-06-11

Como Citar

Silva, D. S., Bousfield, A. B. da S. ., Giacomozzi, A. I., Fiorott, J. G., & Bousfield, R. (2022). Representações sociais da doação de órgãos de doadores e não doadores. Interação - Revista De Ensino, Pesquisa E Extensão, 24(1), 83–96. https://doi.org/10.33836/interacao.v24i1.663